Acordei com todos conversando na língua deles e ficava tentando imaginar o'que estariam falando, mas logo mudei de pensamento pois queria levantar logo para ver a aldeia, muita curiosidade. Julie estava desmaiada e escutei. "Priscila!! Priscila!!Vamos para o rio banhar!" Levantei quase que correndo da Oca e fui la fora ver a Aldeia... UAUUUUUU dei de cara com as ocas em circulo como já tinha visto em varias fotos... fiquei alguns minutos calada ( acho que calada mesmo fiquei não) Pensava: " Estou no Xingu, estou no Xingu, Meu Deus!" Eram 6h e senti frio.
São 11 Ocas enormes, sendo que uma é um posto de saúde. Tomei um café puro bem docinho e fui conhecer o posto de saúde. As barracas na parte superior sao de madeira, para quando ocorrer as cheias a agua nao atinge a parte alta das barraca. Por dentro, a Oca da saúde é diferente das ocas do índios , parece mais com nossas casas, mas é uma oca.
Tomei um banho e todos que passavam falavam. "Prisciiila!!! " Dava bom dia a todos e vi de longe um macaquinho pulando sozinho, crianças correndo e todos indo se banhar no rio.
Já de volta a Oca , fui ver os peixes e mostrei alguns vídeos pataxo com o que sobrou de bateria de meu notebook. Ficaram todos pedindo para conhecer os Pataxó, se eu podia levar os Pataxó até eles, e a pedido de Timboca de Carmésia, disse que vou fazer esta ligação entre eles, ficarei feliz em ajudar neste intercâmbio cultural indígena.
Vi artesanatos em madeira maravilhosos, colares, pulseiras e muito mais. Fiz um tour de Oca em Oca vendo artesanato e comprei uma pulseira para meu amigo Alexandre Pataxó e ainda estou devendo para outros. Quanta arte maravilhosa, minha vontade era de comprar tudo que vi. Enquanto andava pela aldeia fui chamada para a entrega de presentes.
Antes de minha viajem, haviam me avisado para levar presentes para a comunidade e a entrega é no meio da aldeia. Vai toda comunidade para o centro e colocam todos os presentes espalhados no chão e o cacique vai distribuindo entre todos da comunidade. As crianças brincavam e corriam para pegar brinquedos. Distribuimos cadernos, anzóis, brinquedos, miçangas e outros. Logo em seguida cada um se apresentou para o cacique. ( quem sou, de onde, porque fui la e o que vou fazer)
Eu, Julie e os dois paulistas ficamos sem saber o que falar por não era esperada esta apresentação e foram bem claros que era proibido fotografar. Apenas fotos nossas. Fiquei chateada pois não tinha condição de pagar por foto o que pediram.
Andei mais um pouco e fui convidada para pescar com eles, uma aventura em dois barcos e os paulistas também foram.Vi tartarugas, jacares, piranhas e jacares pulando. Colocaram a rede e quando vi eu já estava ajudando a puxar a rede com eles. Afundei na lama e morreram de rir de mim...lembrei do mangue da Aldeia Velha. Voltei negra de terra e fui comer peixe com beiju.
As flautas começaram cedo e foi o dia todo andando de oca em oca para alegrar o espírito. É o início do Kuarup. e eu querendo entender porque os homens caminhavam de chinelo as mulheres descalças naquela terra que queima os pés. Com muito custo me falaram que a mulher tem que ser leve nos pés. Outra duvida era porque quando entravam nas ocas e paravam para descansar as mulheres corriam para ficar de frente para a parede e não interagiam nas ocas como os flautistas. Esta resposta não tive com certeza. Falaram que elas são tímidas e não queriam que olhassem para o corpo delas, que não conheciam as pessoas.... Não sei. Tocaram ate o final do dia e começaram os cantores e uma dança coletiva dos homens no meio da aldeia.
Fiquei feliz em ver a atenção e curiosidade de todos para comigo. TODOS perguntavam: " Você é casada? Tem filhos? Mãe? Pai? irmãos? Vai pintar? "
As crianças morriam de rir só de olharmos para elas e isto me deixava fascinada.
Fui tomar banho no rio e vi os Kalapalos ( parceiros da aldeia no Kuarup) chegando.
Ligaram o gerador e todos carregaram lanternas e baterias das máquinas fotográficas. Ficamos de papo na fogueira dentro da Oca deitados em redes.
Fui ao posto de saúde a noite e veio um bicho correndo na minha direçao e Yatapi gritou.." fica quieta filhote de onça!" Como eu não estava vendo nada apenas aquele incrível céu estrelado da aldeia fiquei uma estátua e ele lá... mandando ficar quieta. Mas depois morreu de rir.. era um cachorro, beeeeem animado que depois virou meu amigo.
A visão do lado de fora da aldeia era o céu estrelado e focos de lanterna dos visitantes que fui andando com um amigo ver o acampamento. Estavam fazendo arroz com açúcar, falavam muito e morriam de rir na língua deles.. percebi que falavam de mim! rsrs
A oca adormeceu cedo e bem cheia e eu estou encantada e sem saber que pensar.
Ah! O apito que mamis deu para mim e Julie teve que ser retirado pois me deu alergia no peito. Não queria pois era uma lembrancinha que gostava de ver no meu pescoço.
Artesanato na minha oca |
Presentes espalhados no chão para serem destribuidos pelo cacique |
Presentes no centro da aldeia |
Ganhei uma pulseira linda desta novo amigo de barco! |
Eu vendo pela primeira vez a dança no Xingu. Esta dança aberta é feita apenas no Kuarup. |
Familia de Yatapi. Olha o sirriso de Samira! Alem de ter o nome de uma amiga que amo não para de riri para mim! |
Passage de um rio para outro |
Olhem o peixe no ar..fiquei boba com o tanto que pulam |
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